João Grilo foi inocentado em simulação de Júri Popular em Petrolina

João Grilo foi inocentado em simulação de Júri Popular em Petrolina

“Não sei, só sei que foi épico”. Foi neste tom que o julgamento de João Grilo – um dos personagens mais famosos da Literatura Nordestina, aconteceu no último sábado (31), através da encenação da equipe do Teatro Popular de Arte e apresentação de argumentações de promotores de justiça e advogados vindos de várias localidades do Brasil. 

Os profissionais fizeram uma aula prática rica de informações sobre a área do Direito, com a realização da Sala do Tribunal. O momento foi uma demonstração da pedagogia jurídica através das Metodologias Ativas. A obra literária de Ariano Suassuna, “Auto da Compadecida”, foi transmitida para o público com emoção, manifestando a cultura do sertão, a antropologia e a riqueza da Literatura do país. 

Estudantes do curso de Direito e profissionais da área assistiram ao Júri Épico, que este ano ocorreu de forma híbrida, devido à pandemia, pela plataforma Youtube, com mais de 20 mil visualizações. Presencialmente, 250 pessoas prestigiaram (respeitando o protocolo da Vigilância Sanitária) com olhos atentos ao evento na Chácara Maria Leite. 

João Grilo é absolvido por maioria de votos

João Grilo, representado pelo ator Domingos Soares, foi julgado por dois crimes: o do cangaceiro Severino de Aracaju e o comparsa Cabra. Por maioria de votos, os jurados decidiram absolver João Grilo, mas antes do juiz anunciar a sentença, foram mais de 12 horas de julgamento. Com o intuito de combater a criminalidade, muitas acusações foram relatadas pelos promotores com o apoio da testemunha Dora, a mulher do padeiro. 

A representatividade de João Grilo foi observada em diversas situações pelos advogados de defesa que buscavam zelar pela integridade de seu cliente. Antes de saber o veredicto, João Grilo apela à Nossa Senhora e Jesus. Recebeu ainda o apoio de seu amigo Chicó, além das testemunhas de Rosinha e o Padre. Ao ser inocentado, ele também agradeceu em oração. 

João Grilo desde o início jurava ser inocente e fez questão de se defender. “Pois é! Estou eu aqui agora submetido a ficar no banco de réus para ser julgado por um crime que nem cometi. Vivo uma vida com tantas dificuldades e sofrimento. Vão alegar minha inocência. Tenho certeza disso. Foi tudo legítima defesa. Vou ser libertado, porque seria uma injustiça muito grande prender João Grilo. Eu salvei minha vida e livrei a cidade de Taperoá de ser toda assassinada por um bandido e cangaceiro, Severino do Aracaju, e ajudei também meu amigo Chicó”, justificou antes de seu julgamento. 

Projeto acadêmico

O projeto é coordenado pelos professores e advogados Diego Giesta e Anderson Araújo, responsáveis por idealizar e dar forma ao Júri Épico. “Falar do Júri Épico é falar em algo que nos encanta, um projeto interdisciplinar, que passa pelo Direito, arte e cultura. Um projeto que reúne grandes nomes do cenário jurídico nacional para celebrar a busca da justiça e as Metodologias Ativas. Foi um momento épico. Marca a história do povo do sertão. Como professor da UniFTC só tenho a agradecer pelo resultado e até 2021”, ressaltou.

O júri contou com a presença do gerente dos cursos de Direito da Rede UniFTC, Edson Medeiros. “É um prazer estar aqui com a UniFTC colaborando para concretização deste evento que é uma demonstração do Direito vivo, além de valorizar as raízes da história brasileira e da Literatura. É isso que a Rede UniFTC tem feito ao longo do tempo”, mencionou. 

Para o diretor da UniFTC de Petrolina, Andrei Mello, o momento foi de muito conhecimento e alegria. “Estamos muito felizes com o impacto da segunda edição do evento. Vamos sempre apoiar nossos alunos e ações deste porte, que promovem mais educação e aprendizado. Agradeço de coração a participação de todos neste projeto cultural muito importante”, falou o gestor. 

A ação acadêmica reuniu grandes nomes do cenário jurídico do país, como o juiz Elder Muniz, os promotores de justiça do MPPE: André Rabelo, Antonio Arroxelas,  Angela Cruz, Eliane Gaia e Cíntia Granja e os advogados criminalistas Marcílio Rubens, Zanoni Júnior, Fabiano Lopes, bem como, Maria Carvalho, que é membro da comissão de Direito Penal em Pernambuco.

O Júri Épico é um evento acadêmico promovido desde o ano passado na região do Vale do São Francisco pelos alunos do curso de Direito da UniFTC e de outra instituição de ensino superior, em parceria com Ordem dos Advogados do Brasil – OAB e Ministério Público de Pernambuco – MPPE. Em 31 de outubro de 2019, a Rede UniFTC movimentou a história com o Júri Popular de Lampião, o Rei do Cangaço.  

Vem aí: Júri Épico 2021 com a simulação do julgamento de Frei Caneca

Ano que vem quem vai a Júri Popular é o religioso e revolucionário brasileiro, Frei Caneca (Joaquim do amor Divino Rabelo Caneca), que também foi líder da Confederação do Equador.

Frei Caneca defendia a igualdade entre os homens e apoiou movimentos pela independência do Brasil, por essa razão, foi preso como rebelde e, posteriormente, julgado e condenado à forca em 10 de janeiro de 1825. Faleceu no Recife, Pernambuco, no dia 13 de janeiro de 1825.

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