Aumento da incidência da Síndrome de Burnout em tempos de home-office preocupa especialistas
Com as mudanças nas formas de trabalho implicadas pela pandemia da Covid-19 e a perspectiva de que o futuro será moldado pela experiência que vivemos atualmente, um problema ascende: o aumento da incidência da Síndrome de Burnout. Trata-se de um desgaste emocional ou distúrbio psíquico que leva a um esgotamento profissional ou estado de tensão emocional e estresse que impactam nos aspectos físicos e emocionais do indivíduo, provocados por condições de trabalho desgastantes.
Uma pesquisa da Associação Internacional de Manejo do Estresse (ISMA) apontou que 72% dos brasileiros já sofriam com estresse no trabalho, dentre os quais 32% possuíam Burnout. Um dos motivos que podem potencializar a sensação de exaustão neste contexto é a falta de separação entre trabalho e a vida pessoal provocada pelo formato home-office. Outra pesquisa mais recente, realizada pela Microsoft, corrobora com essa tese ao apontar que, para 33% das pessoas que estão trabalhando remotamente, a falta de separação entre trabalho e vida pessoal está impactando negativamente seu bem-estar.
De acordo com Mirian Conrado, psicóloga do curso de Medicina do Centro Universitário UniFTC de Salvador, os sinais mais comuns do Burnout são cansaço excessivo, estresse, irritabilidade e esgotamento físico, dificuldade de concentração, lapsos de memória, ansiedade, depressão, agressividade e ausência no trabalho. “A síndrome se manifesta especialmente em pessoas cuja profissão exige envolvimento interpessoal direto e intenso, resultante de um ambiente de trabalho no qual a pessoa é envolvida num excesso de demanda de trabalho, de alta complexidade e estressante”, comenta. Ela atenta ainda para a importância de procurar um médico psiquiatra para avaliar e ajudar no processo de diagnóstico e recuperação.
Segundo o Prof. Dr. Francisco Medauar, psiquiatra e professor do curso de Medicina da UniFTC, alguns cuidados podem ser essenciais na prevenção do Burnout. “O ideal é ter um horário específico para o trabalho e o horário para o lazer. É importante organizar o tempo, respeitar os seus limites e se permitir a um descanso”, afirma. “Outro fator importante é o autocuidado, como praticar exercícios de meditação, respiração, sem esquecer das atividades físicas, mesmo em tempos de pandemia. É essencial ter um tempinho para uma caminhada, tomar um pouco de sol, devido à carência de vitamina D”, destaca o especialista.