Estudante e professores da UniFTC participam de importantes pesquisas sobre zika vírus

Estudante e professores da UniFTC participam de importantes pesquisas sobre zika vírus

Estudante e professores do curso de Medicina da UniFTC participaram de pesquisas responsáveis por recentes descobertas relacionadas ao zika vírus no Brasil. As investigações foram realizadas em grupos de estudos desenvolvidos em laboratórios da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Salvador.

A descoberta mais recente foi publicada no periódico International Journal of Infectious Diseases e ganhou destaque essa semana. Trata-se da constatação de uma nova linhagem do zika vírus que está em circulação no país, com potencial para originar uma nova epidemia. Os dados foram detectados através de uma ferramenta pioneira, que monitora em tempo real as sequências genéticas do vírus, disponibilizadas em um banco de dados na internet.

Este mecanismo constante de vigilância identificou uma linhagem de vírus originada na África, que possui um comportamento ainda desconhecido, como explica o professor da UniFTC e doutor em Ciências da Saúde, Kyioshi Fukutani. “Esta descoberta se dá após cinco anos de epidemia no Brasil. Serve como alerta, pois pouco se sabe sobre os efeitos dessa linhagem na nossa população”, afirma. “O que se sabe até agora é que ambas linhagens existentes no país apresentam sinais e sintomas parecidos, como febre baixa, pintas no corpo e dores nas articulações. Em modelos animais de infecção, os camundongos e porcos infectados apresentaram uma forma mais agressiva, apresentando até microcefalia”, descreveu o pesquisador.

Ainda de acordo com Fukutani, a linhagem viral foi identificada em um mosquito “parente” do Aedes Aegypti, denominado Aedes Albopictus, capaz de transmitir para outros animais. Um caso foi registrado no Rio de Janeiro, em uma espécie de macaco chamada Bugio Vermelho, o que indica que por enquanto o vírus está circulando nos animais e nas florestas. “O Aedes Albopictus é descrito como um vetor menos urbanizado, isso significa que é mais difícil encontrá-lo em grandes cidades. O macaco é um dos hospedeiros silvestre desse vírus, assim como ocorreu com a febre-amarela há um tempo”, explica.

“A longo prazo, o pior panorama que podemos prever seria a negligência dessa informação e termos uma reprise da epidemia que vivenciamos em 2015, mas acredito que essa antecipação nos mantém em prontidão”, destaca o professor. “Este estudo foi o primeiro a propor uma vigilância epidemiológica em tempo real. Por ser constante, podemos reconhecer com bastante antecedência quando um organismo novo é descrito em território. Acreditamos que essa ferramenta futuramente seja ampliada e usada para se criar estratégia e fazer monitoramento no nosso território”, reforça Kyioshi Fukutani.

Zika Vírus e Microcefalia

Outra pesquisa relacionada ao zika vírus foi realizada com a participação do estudante do 11º semestre de Medicina do Centro Universitário UniFTC de Salvador, Caian Vinhaes. O trabalho acadêmico ganhou destaque no The Journal of Infectious Diseases deste mês.

A pesquisa atesta um desequilíbrio inflamatório intenso, proporcional à gravidade da doença que acometeu um grande número de pessoas no nordeste do Brasil em meados de 2015, e proporcionou um crescimento da incidência de um resultado clínico antes raro. Trata-se da microcefalia em recém-nascidos de mães que foram infectadas durante a gravidez.

De acordo com os pesquisadores, entender o perfil inflamatório e grau de inflamação das pessoas afetadas por tal condição é um importante passo para o desenvolvimento de terapias estratégicas inovadoras. “Essa identificação é importante, pois temos poucos estudos sobre o zika vírus em modelos humanos, principalmente associados à microcefalia, uma associação relativamente recente. É uma grande contribuição para a amplificação do conhecimento a respeito deste processo”, descreve Vinhaes.

A pesquisa foi liderada pelo pós-doutor em Patologia Humana e professor da UniFTC, Bruno de Bezerril. Ele também coordena o pilar de Pesquisa e Ciências Fundamentais da Vida da instituição e ressalta a importância do incentivo à ciência. “Estudos como esse ampliam a visão do estudante para além do conceito tradicional de Medicina, criando um olhar crítico e abrangente para questões importantes da prática médica.  É importante lembrar que o desenvolvimento da ciência, seja ela medica ou não, se dá a partir de pesquisas como essa”, diz.

Bruno de Bezerril ressalta que a UniFTC recentemente fez um investimento bastante considerável para a melhoria do pilar de Ciência. “A ideia que dá base a esta iniciativa é que há uma escassez de médicos cientistas no Brasil e no mundo”, afirma. “Este é um nicho que achamos importante, por isso, nos esforçamos para oferecer aos estudantes a possibilidade de ter uma formação mais voltada a desenvolver este potencial médico-cientista, com incentivo continuado à geração de conhecimento de qualidade. Temos atualmente alguns grupos de pesquisa em diversas áreas, nossos professores são cientistas com atuação multidisciplinar, o que é importante para este crivo científico”, conclui.

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